A atriz e palhaça brasileira Elisa Carneiro apresenta o espetáculo Quem. Uma Macabéa sem fim nesta sexta (20/9) e segunda (23/9). Sessões abertas ao público fazem parte do projeto Macabéa — Nasceu do chifre do boique passa pelas escolas públicas de Samambaia. Os alunos também terão acesso a oficinas Palhaçada — o humor como ferramenta de sobrevivência e Mitologia Pessoal.
Inspirado no clássico da literatura brasileira A hora da estrelade Clarice Lispector, Elisa aborda temas de vulnerabilidade e coragem com adolescentes. Ao trabalhar com o humor, a atriz explora a incerteza e o risco de exposição que a protagonista do livro carrega. “A vulnerabilidade de Macabéa vem da sua extrema humanidade. Os jovens ficam assustados, emocionados e se reconhecem na personagem”, afirma Elisa.
Numa sociedade que tenta constantemente se adaptar a diferentes padrões, Elisa destaca que Macabéa é a inadequação que existe em todas as pessoas: “Ela erra e zomba disso. O humor trabalha com a fragilidade de forma sensível.” Ao trabalhar com o quadrinho na oficina de palhaçadas, a atriz espera que os jovens se olhem com carinho e perdão pelos erros. A aula propõe uma lógica invertida em que as fragilidades são potencialidades. “Ninguém precisa carregar o mundo nas costas, você pode se divertir com os próprios erros”, comemora.
Ministrada pela dramaturga Ana Flávia Garcia, a oficina de mitologia incentiva a construção de narrativas pessoais baseadas na compreensão e na inspiração. Elisa descreve o uso da mitologia no projeto para que os alunos se transformem em personagens e valorizem suas próprias histórias. “Criar um ambiente fantástico onde a pessoa seja protagonista da sua própria vida ajuda a reconhecer os pontos fortes e fracos de cada um”, garante.
Composto por uma equipe majoritariamente feminina, o projeto visa fortalecer o papel da mulher no cenário cultural. Elisa destaca que todos os profissionais da equipe são multiartistas e abordam assuntos delicados com empatia: “Eles trabalham com carinho e ouvem os jovens. Além de se sentir mais acolhida ao trabalhar com mulheres, a feminilidade é acolhedora com os outros.”
O trabalho de Clarice aborda questões atuais e permanece relevante mesmo depois de quase cinco décadas desde sua publicação. “Macabéa é estrangeira, assim como a palhaçaria. Embora estejamos zangados com a personagem, também temos compaixão por ela. Reconhecemos dentro de nós a nossa própria Macabéa”, argumenta Elisa.
Serviço
Quem. Uma Macabéa sem fim
Parte do projeto Macabéa — Nasce do chifre do boi. Nesta sexta (20/9), às 9h, e na segunda (23/9), às 15h, no Instituto Federal de Brasília (IFB), em Samambaia. Sessão aberta ao público. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso no Sympla. Gratuito para todos os públicos
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