O líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machadorejeitou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais que foram anunciados no domingo (28/7) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país.
Machado diz ter todas as atas de votação que foram entregues aos observadores da oposição, que ainda estavam nos centros de votação do Venezuela à meia-noite, hora local.
A opositora disse que o seu cálculo aponta 70% dos votos para Edmundo González, o representante da oposição nas urnas, e 30% para Maduro.
Minutos antes, a CNE tinha anunciado resultados que davam 44,2% a González e 51,1% a Maduro, com 80% dos votos apurados.
Embora os números de Machado se baseiem em 40% das atas o primeiro boletim da CNE que considera 80% dos votos apuradosafirma refletir uma “tendência irreversível”.
“Ganhamos e todos sabem disso”, disse Machado. “Isto não é fraude, é ignorar e violar a soberania popular. Não há como justificar isto, não com a informação que temos”, acrescentou.
Na Venezuela, cada local de votação emite atas, que são impressas diversas vezes.
Este documento é, ao mesmo tempo, transmitido à CNE e entregue aos observadores de cada parte.
Portanto, todos têm, em tese, acesso aos resultados.
Machado afirmou que a oposição anunciará algumas medidas nos próximos dias.
“Agora cabe a nós defender a verdade, porque ela influencia a vida de todos”, disse. “Todas as regras foram violadas. Nossa luta continua.”
As eleições venezuelanas foram observadas pelo Carter Center, dos Estados Unidos, e pela Organização das Nações Unidas (ONU), duas entidades com pouca influência política e com fortes limitações na análise das informações.
Durante a campanha, Machado percorreu o país – apesar de encontrar postos de controle militares ou bloqueios espontâneos em todas as rodovias ou aeroportos que bloqueavam a rota de sua delegação. A oposição relatou 130 prisões de militantes e ativistas.
Existem 8 milhões de venezuelanos no exterior, ou 15% da população total. Destes, apenas 1% puderam votar devido a dificuldades no registo de eleitores nas embaixadas e consulados.
O presidente da CNE, Elvis Amoroso, é um político ligado ao chavismo e trabalhou em entidades que impedem as pessoas de concorrer às eleições.
Apesar disso e das reclamações de que a votação não teve condições justas como a desclassificação de Machado Desde 2013, a oposição não via tantas possibilidades de derrotar o chavismo.
De acordo com pesquisas divulgadas antes das eleições, a oposição tinha vantagem.
As atas e testemunhas
*Análise de Daniel Pardo, jornalista da BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol
Apesar do ceticismo, a oposição venezuelana participou nas eleições porque teve a possibilidade de pensar que seria uma disputa parcialmente competitiva, com a participação de 90 mil testemunhas nas 30.026 assembleias de voto espalhadas pelo país.
Estas testemunhas poderiam transmitir os resultados ao vivo através de atas de votação impressas em cada centro.
Machado afirma que as testemunhas da oposição conseguiram compilar o resultado de 40% das atas e que, com uma vantagem tão grande quanto a que afirma, a vitória de González é clara.
A outra parte dos registros aparentemente permanece nos centros de votação, assim como muitas das testemunhas: 90 mil pessoas em todo o país que, segundo relatos, sofreram assédio das autoridades durante todo o domingo (28/7).
Especialistas eleitorais descreveram as eleições na Venezuela como as “mais oportunistas” da história recente da Venezuela.
Porém, mesmo assim, a oposição diz que teve um resultado esmagador. E a prova estaria justamente naquela ata de votação.
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