Israel disse nesta quinta-feira (27) que considera “enganoso” e “tendencioso” um relatório apoiado pela ONU que indica que cerca de meio milhão de habitantes da Faixa de Gaza estão ameaçados por uma fome “catastrófica”.
Cerca de 495 mil pessoas em Gaza, 22% da população do território palestiniano, vivem “níveis catastróficos de insegurança alimentar aguda”, de acordo com o relatório da Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC) publicado na terça-feira.
O IPC destacou em março que um maior acesso à ajuda humanitária permitiu evitar uma temida fome no território, que enfrenta uma ofensiva militar e um cerco estrito israelita há mais de oito meses.
O relatório desta terça-feira indica que outras 745 mil pessoas sofrem em situação de emergência em termos de segurança alimentar.
“Este relatório é muito enganador. É tendencioso”, principalmente porque “se baseia em dados que provêm das instituições de saúde do Hamas”, o movimento islâmico palestiniano que governa Gaza desde 2007, afirmou o porta-voz do governo israelita, David Mencer.
O Hamas fornece dados sobre o conflito, principalmente o número de mortes, rejeitados por Israel, mas publicados pela mídia internacional e por organizações humanitárias.
“As acusações sobre a fome […] em Gaza são infundadas”, acrescentou Mencer. “O seu principal objectivo é, obviamente, pressionar Israel”, enfatizou.
Para o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), o novo relatório descreve “um panorama sombrio de fome persistente”.
“O aumento nas entregas de alimentos no norte [de Gaza] e os serviços de nutrição contribuíram para reduzir os níveis mais graves de fome, mas com uma situação ainda desesperadora”, destacou o PMA.
O IPC é uma iniciativa com mais de 20 parceiros, incluindo governos, agências da ONU e ONGs.
Israel rejeitou o relatório de março do IPC, dizendo que continha imprecisões e fontes duvidosas.
A guerra começou em 7 de outubro, quando combatentes islâmicos mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
O Exército Israelita estima que 116 pessoas permanecem cativas em Gaza, das quais 42 morreram.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.765 mortos, a maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza.
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