Porto Alegre – O Departamento de Águas e Esgotos da capital gaúcha (Dmae), teria alertado o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), sobre a iminência de a cidade ser atingida por enchentes. É o que aponta o documento divulgado pelo deputado estadual Matheus Gomes (PSol), nesta segunda-feira (20/5), via X (antigo Twitter). O registro indicava que diversas bombas do sistema de drenagem da cidade precisariam de manutenção.
RECLAMAÇÃO????
Tive acesso a documentos do DMAE que mostram como a prefeitura de Sebastião Melo foi alertada sobre os riscos de enchentes no Centro, Menino Deus, Cidade Baixa e Sarandi.
Agora temos provas do que já se especulava: a negligência causou a tragédia!
???? pic.twitter.com/j4KV6ByaGA
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) 20 de maio de 2024
O documento, assinado por engenheiros da própria prefeitura, alerta sobre o risco de alagamentos na cidade justamente nas regiões que precisaram ser evacuadas nesta enchente. “É urgente resolver essa demanda para evitar o risco de alagamentos na área central de Porto Alegre, entre a Usina do Gasologista e a rodoviária”, diz o documento divulgado pelo parlamentar.
O texto aponta ainda o “alto” risco de inundações em outros bairros da cidade, os mesmos que foram mais atingidos pelas enchentes. Com mais de 100 páginas, o relatório traz um levantamento técnico, realizado em 2018, e alerta a gestão municipal que depois das enchentes de 2023, onde o sistema quase parou, foi preciso investir mais na manutenção e adaptação do sistema, principalmente bombas de drenagem, sob forte risco de inundações na cidade.
(foto: DMAE/Reprodução)
O sistema de proteção contra enchentes de Porto Alegre deveria ser capaz de evitar enchentes de até 6 metros, mas com o rompimento e infiltração das comportas e o desligamento das bombas de drenagem, grande parte da capital gaúcha ficou submersa nesta enchente isso chegou. a cota de 5,35 metros, ainda 65 centímetros abaixo do nível máximo. Questionado por Correspondênciaem entrevista coletiva há duas semanas, o prefeito Sebastião Melo negou qualquer negligência da prefeitura na manutenção do sistema de proteção.
“O muro Mauá (sistema de proteção contra enchentes) está resistindo bravamente, não teve nenhuma falha. Mas pode ser necessário substituir estes portões construídos em 1960, pela engenharia da época, por novas tecnologias. Durante a minha gestão reformamos todas as casas de bombas. Acontece que as 26 casas de bombas param de funcionar quando o nível do Guaíba ultrapassa a cota de enchente de 3 metros, não tem para onde escoar”, disse o prefeito.
A posição do prefeito foi refutada por especialistas ouvidos pela reportagem. Em entrevista com CorrespondênciaO diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Joel Goldenfum, disse que tudo indica que ocorreram falhas de manutenção.
“Desta vez deveria ter resistido, foi menos de seis metros, mas não resistiu, antes mesmo de quatro metros o sistema já começou a vazar. Parece que foi falta de manutenção, se falta de manutenção é uma falha do serviço público, como disse o prefeito, é estranho, todos os sinais apontam para o contrário”, disse o professor.
O deputado Matheus Gomes diz esperar que os responsáveis pelo desrespeito aos alertas dos engenheiros sejam identificados. “Sem a responsabilização de quem foi negligente como Sebastião Melo, não teremos a reconstrução de Porto Alegre”, disse o parlamentar. Ele disse ainda que encaminhará o documento ao Ministério Público estadual para que o órgão apure possíveis responsabilidades.
A Câmara Municipal foi procurada, mas até o momento da redação desta reportagem não havia se posicionado sobre as acusações do parlamentar. O espaço permanece aberto.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:


Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br