Populismo extremista corrói o sistema por dentro, diz Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou, nesta quinta-feira (12/12), que o “populismo extremista” se utiliza de mecanismos estratégicos dos regimes nazistas e fascistas para “corroer o sistema por dentro”. Durante a 6ª edição do STF em Ação, promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), o juiz destacou o crescimento da polarização política como um dos motivos das crises nas democracias mundiais.

Moraes argumentou que o atual populismo extremista “se aproveita das aversões, das decepções e dos medos das pessoas” como forma de persuasão. Para o ministro, “esta é a grande diferença entre os regimes populistas dos anos 40 ou 50 e o atual”.

“Há mais de décadas que vivemos o crescimento de um populismo extremista muito grande, um populismo sobretudo de extrema-direita que aprendeu com os erros estratégicos do regime nazi, do regime fascista, e em vez de atacar o sistema, tem tem corroído o sistema por dentro. ”, disse o ministro do STF.

Moraes também comentou os diversos instrumentos utilizados pela extrema direita para “corroer o sistema por dentro”. “Em vez de dizerem que a democracia é má — não, a democracia é ótima —, dizem que os instrumentos da democracia estão a ser fraudados. Em vez de dizerem que os meios de comunicação social e a liberdade de imprensa são maus, dizem que os meios de comunicação social estão a deturpar a liberdade de expressão”, sublinhou.

Além disso, o ministro observou também que, mesmo em países onde a democracia prevalece, o ambiente de polarização política e de crise permanece. Segundo Moraes, isso acontece porque os ideais extremistas já conquistaram a população.

Como solução, Moraes disse acreditar que é necessário fortalecer as instituições para “se libertarem dessa polarização”. “Como podemos fortalecer essas instituições? Olhar para trás e ver o que permitiu que certas instituições, depois de quase 30 anos, se contaminassem e voltassem ao pensamento de 1964. Algo foi feito errado.”

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Outro ponto levantado pelo ministro do STF foi a “contaminação política” ocorrida com instituições do Estado. “Não dá para misturar Forças Armadas, polícia, Judiciário, Ministério Público, com questões eleitorais. Vimos que não funcionou”, enfatizou.

Ao final da palestra, o juiz também mencionou a regulamentação das redes sociais, e comparou as big techs a qualquer outra empresa. “Nenhum setor está desregulamentado, por que não pode ser assim? Já temos provas do fracasso da autorregulação das redes sociais”, apontou.

*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro