Conversando com uma amiga, profissional de comunicação, recém-chegada de Aracaju, ela me contou sobre os rumos que o Nordeste lhe oferecia nas artes. Morando lá por muito tempo, percebeu sua vocação para o trabalho manual e se dedicou à cerâmica. Hoje, ela tem o prazer de apresentar seu trabalho, bastante delicado e diversificado como ceramista, em feiras de arte e artesanato e em espaços formais de venda de arte!
Segundo Leida Teixeira, minha conterrânea de Itabirito, em Minas Gerais, “A cerâmica é uma arte milenar que envolve modelar e cozer argila para criar objetos utilitários e decorativos. Com prática, paciência e dedicação, a cerâmica pode se tornar uma atividade criativa e gratificante..”
Meus olhos, às vezes inadvertidamente, percebem cores, formas e lugares muito bonitos e diferentes e me obrigam a dar uma atenção especial a essas visões, que na maioria das vezes conectam a sensibilidade em algum lugar do meu cérebro! Então, no final, o que me chama a atenção vira objeto de estudo e pesquisa.
LEIA TAMBÉM: Independência ou morte?
Não foi diferente, com Leida descobri nomes e atividades em torno da cerâmica desenvolvida em Aracaju, capital de Sergipe, o que me chamou a atenção e por isso voltei a investigar.
A história da arte cerâmica
Primeiro, através de uma pesquisa na Internet, descobri um site muito interessanteque me contou um pouco sobre a história da cerâmica. Lá aprendi que a cerâmica é produzida há cerca de 10 mil anos e o termo vem do grego, “kéramos”, terra ou, argila queimada e é um material altamente resistente, encontrado em escavações arqueológicas.
É claro que a cerâmica e as suas formas estão intimamente ligadas às necessidades do homem ao longo da sua evolução. A necessidade de recipientes para armazenamento diversos foi a primeira motivação para o homem utilizar esta técnica de manuseio de argila queimada, para solucionar essas questões. Isto, supostamente, remonta a muitos anos antes da chamada Era Cristã.
A argila, de composição bastante macia, se umedecida, torna-se fácil de modelar e, portanto, facilita a descoberta das formas e possibilidades de uso que a técnica proporciona. Naturalmente as peças passam por um rigoroso processo de secagem para retirada da água e com a evolução do tempo, essas peças passaram a ser queimadas em altas temperaturas, para ficarem rígidas e resistentes!
Com criatividade e explorando o seu talento natural, o homem com o passar do tempo foi mais longe e com o barro cozido, produziu diversas peças com valor estético e isso se tornou arte, oferecendo coleções inteiras de peças requintadas que podem ser apreciadas e vendidas em todas as partes do mundo.
Por tradição, no Brasil a origem da cerâmica é normalmente atribuída à ilha de Marajó, onde as famosas cerâmicas Marajoara retratam a cultura indígena contemporânea, originária da região.
Não é o caso do conteúdo de hoje, mas para quem quiser se aprofundar, uma boa dica de pesquisa é sobre a cerâmica Marajoara, que era considerada “especialização altamente elaborada e artesanal”, segundo informações do site da Estiva Refratários.
Mas voltando a Sergipe, em Aracaju, através da minha conterrânea Leida, conheci um arquiteto urbano, Givaldo Barbosa, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, que teve seu primeiro contato com a cerâmica em um ateliê gratuito e aberto ao público, no segundo metade do ano. anos 80.
Mesmo afastado das artes, Givaldo Barbosa retorna à cerâmica através do ateliê da professora Elisabete Oliveira e depois monta seu próprio espaço, ao lado de alguns colegas, o Atelier Akayu.
Novas artes da cerâmica
Iniciou-se um processo de aprimoramento não só na modelagem em argila, mas também na esmaltação, que exigiu dedicação e posterior aperfeiçoamento com curso de formulação de esmalte. O aprimoramento do trabalho levou naturalmente à venda das peças em uma galeria local e esta exposição gerou reconhecimento, ficando entre os 10 finalistas do concurso “A Cícara do Museu”, organizado pelo Museu do Café em Santos, SP.
Mas Givaldo sublinha que foi durante a pandemia que começou a frequentar o coletivo “Farei Joias”, sob a coordenação do designer de joias Adeguimar Arantes e destaca que este coletivo abre um novo campo de expressão artística, a joalharia em cerâmica.
Foi por meio do coletivo que Barbosa participou da Brazil Jewelry Week 2022, da Amarê Fashion – Semana da Moda Goiana 2022, da New York City Jewelry Week 2023 e da IV Bienal Latino-Americana de Joyeria Contemporanea 2024.
Instado a se manifestar sobre tudo isso, Givaldo Barbosa destaca: “Para mim, a arte, principalmente a cerâmica e a joalheria, significa a possibilidade de me desligar do cotidiano “mais difícil”, da racionalidade do trabalho. É a arte que me leva ao campo do lúdico, da liberdade criativa, que me salva todos os dias.”
Não só no Nordeste, o ceramista entende o movimento cerâmico como um cenário diversificado que reflete o desenvolvimento econômico dos estados. Nos maiores centros como Recife, Salvador e Fortaleza, a cerâmica é vista como uma arte mais consolidada e valorizada, sendo que grande parte desse crédito se deve ao trabalho de grandes nomes dessa arte, como Francisco Brenand, amplamente reconhecido no Recife. Givaldo comenta ainda que em estados menos conhecidos no ramo, vem realizando um excelente trabalho de divulgação e valorização de seus artistas, como Alagoas.
Perguntei especificamente sobre Sergipe e ele respondeu o seguinte: “Em Sergipe, temos o principal polo de produção cerâmica do município de Santana do São Francisco, fornecendo inclusive argila bruta para a grande maioria dos artistas do estado. Na minha opinião, as peças ali produzidas têm pouca expressão criativa, com exceção de alguns artesãos, a grande maioria embarca na produção em grande escala e repetitiva.
Nos últimos anos tenho notado um aumento significativo de ceramistas em Aracaju que vêm desenvolvendo um trabalho diferenciado, evidentemente facilitado pelo acesso a bons ateliês, materiais e ferramentas adequadas. Não tenho dúvidas de que a nossa capital já se tornou mais um pólo desta arte.”
Perguntei sobre o movimento chamado “coletivo” e Givaldo falou sobre o coletivo “Farei Joias”, dizendo que ingressou nesse grupo durante a pandemia com reuniões online. O Coletivo Farei Jóias tem como objetivo democratizar o ofício joalheiro.
“Adeguimar Arantes, idealizador do movimento, tem como foco desenvolver a criatividade individual, despertando sua identidade, fazendo com que cada participante trabalhe com os materiais que tem à sua disposição.”, enfatiza Barbosa. Para ele, o professor Adeguimar Arantes, desmistifica o conceito de preciosidade e valoriza a história individual como o bem mais raro, incentivando o “slow fashion”, que busca valorizar cada etapa do processo produtivo.
Foi aí que Givaldo Barbosa encontrou uma nova vertente de expressão artística, com a possibilidade de aliar os seus conhecimentos de cerâmica à joalharia, e desde então tem desenvolvido coleções e peças de cerâmica com pedras preciosas e prata.
Como falei na abertura do conteúdo, os temas são muito instigantes e as conversas são tão ricas e podem ficar ainda mais ricas. Confesso que estava ansioso para conhecer mais de perto o professor Adeguimar Arantes.
O bom é que como toda expressão artística que se dispõe a disputar um espaço comercial no mercado, a cerâmica tem alcançado essa posição gradativamente e economicamente, pensando nas oportunidades da economia criativa e da economia circular, na visão de Givaldo Barbosa, “cada vez mais que o local prevalecerá sobre o global!” Ele também acredita que a valorização do trabalho singular, no sentido do único, ganhará o espaço da massificação uniformizadora. Questionado sobre as artes no contexto da sustentabilidade, o nosso convidado da semana disse: “Neste tema entendo sustentabilidade como valorizar o trabalho (arte) dos pequenos, das pessoas locais, que contam as suas histórias, que falam da sua gente, do que só existe lá. Trabalho lento e bem feito com identidade”.
Chegando ao final da nossa conversa, Givaldo Barbosa destaca que, “Nos mais de 30 anos que morei em Aracaju e trabalhei como arquiteto, a arte sempre esteve perto de mim. Arte e arquitetura andam juntas. Como professor do Instituto Federal de Sergipe, tenho tentado nos últimos anos, sem sucesso, montar um curso profissionalizante de aperfeiçoamento de artesãos, com ênfase em design e identidade pessoal. Alagoas fez isso e já colhe bons resultados com nova leva de excelentes profissionais.”
Na verdade, os investimentos no aperfeiçoamento dos artesãos, principalmente com ênfase no design e na percepção das identidades pessoais, têm sido objeto de considerável insistência por parte de órgãos como o SEBRAE, por exemplo, que por muito tempo circulou com o Programa Sebrae de Artesanato , que valorizou especialmente o requinte da produção artesanal enriquecida pela identidade cultural de cada região, que carregava peças de valor, tradição, identidade e força comercial.
Mas ainda chegaremos lá! Por enquanto continuo meu caminho de ganhar espaço nesta coluna, para apresentar ao Brasil e ao mundo, talentos, iniciativas, pessoas, histórias e histórias, que comprovam que a arte energiza nossas vidas e não há como voltar atrás. Gostamos da beleza, do que é criativo e do que nos encanta.
Sugiro que você também comece a pesquisar por aí, sobre o que alimenta seus olhos!
Até a próxima.
Siga o @portaluaiturismo no Instagram e TikTok @uai.turismo
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
como fazer empréstimo pelo pic pay
empréstimo para aposentados do inss
bxblue telefone
empréstimo pessoal picpay
central de atendimento picpay
empréstimo aposentado simulação
como pedir empréstimo picpay
emprestimo para aposentado simulador
empréstimo para aposentados online
picpay png