A crise ambiental que atinge o Brasil, especialmente a Amazônia, reflete não apenas os impactos das mudanças climáticas, mas também o descaso em relação às metas estabelecidas para mitigar os danos ao meio ambiente. Para discutir as prioridades desta agenda, o projeto G20 no Brasil, promovido pela mídia O Globo, Valor e o rádio CBNorganizou um seminário nesta quarta-feira (2/10). No primeiro painel, intitulado Unindo esforços: como frear as mudanças climáticas e buscar a sustentabilidade ambientala ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, fez uma análise da situação do país e das ações que estão sendo utilizadas para combatê-la.
“Vivemos uma situação que combina altas temperaturas, baixa umidade e aumento de uma série de problemas. Neste momento temos 58% do território brasileiro em situação de seca, e desse percentual está em seca severa”, afirmou o ministro. Em setembro, o Brasil registrou um número de incêndios florestais 30% superior à média histórica do mês. “Alguns estados estão em situação de 100% de seca, com risco na Amazônia”, acrescenta.
Marina Silva contou uma história pessoal para contextualizar a gravidade da crise. “Nasci e cresci na Amazônia, ouvindo as histórias da minha avó dizendo que tinha uma represa para ter água, por causa da seca. Isso foi difícil de acreditar. Aí, de repente, fomos visitar uma comunidade e havia poços sendo cavados com cerca de 40 metros de profundidade para obter água, e um rio de 14 metros de profundidade que estava seco, com apenas 75cm de água dentro”.
A escassez de água, aliada às altas temperaturas e à baixa humidade, criaram o ambiente ideal para a propagação dos incêndios, que, segundo o ministro, atingiram proporções descontroladas. “Enfrentamos uma linha de fogo de 25 km no Pantanal. Ninguém tem ideia de como é algo dessa magnitude, com ventos de até 70 km/h, baixa umidade e altas temperaturas.”
Embora o uso do fogo seja uma prática de gestão tradicional em algumas regiões, o ministro foi categórico ao desmistificar a ideia de que os incêndios de grandes proporções são fruto desta tradição. “Sempre que falamos em fogo tem gente que fala: ‘mas é um processo cultural dos indígenas e dos caboclos’, como se esse fosse o motivo desses grandes incêndios. No Pantanal, por exemplo, cerca de 85% dos incêndios ocorreram em áreas privadas. Apenas cerca de 17% ocorreram dentro de terras indígenas, mas isso ocorreu porque o fogo se espalhou das áreas que estavam queimando para as comunidades.”
O ministro também chamou a atenção para a atuação criminosa por trás de muitos desses incêndios, revelando episódios em que bombeiros e autoridades foram impedidos de atuar. “Em alguns casos, como em Rondônia, houve ação de bandidos armados, que expulsaram os indígenas e depois expulsaram os brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Só conseguimos lutar depois que veio ajuda da força de segurança”, relatou. Ela destacou que, em diversas ocasiões, houve sabotagem deliberada para dificultar o acesso das equipes de bombeiros ao fogo. “Temos registros de placas com pregos furando pneus de carros do ICMBio, para que não cheguem.”
O país enfrenta atualmente 998 incêndios ativos. Destes, 513 já foram extintos, 210 estão sob controle, 119 estão em combate e 86 ainda aguardam confronto. O ministro divulgou os números e defendeu uma “curva de aprendizado” para lidar com esses eventos extremos, como a sala de situação, criada há três meses, onde trabalham juntos 24 ministérios.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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