Empresas do setor siderúrgico anunciaram nesta segunda-feira (20/5) investimento de R$ 100,2 bilhões no Brasil até 2028. O valor foi anunciado em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros da Economia no Palácio do Planalto, esta tarde .
O investimento ocorre em contrapartida à decisão do governo de aumentar os impostos sobre a importação de alguns produtos siderúrgicos, de acordo com o volume adquirido. O setor reclamava da concorrência desleal com o metal estrangeiro, levando a uma elevada ociosidade da siderurgia brasileira.
Segundo o presidente do Conselho de Administração do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, o setor representou um investimento de R$ 162 bilhões nos últimos 15 anos, e gera dois milhões e 900 mil empregos. Porém, apesar da capacidade instalada para produzir 51 milhões de toneladas, a produção em 2023 foi de apenas 26,6 milhões.
Ele citou também o grande aumento das importações de aço nos últimos anos e que, atualmente, as importações representam 26% do aço utilizado no Brasil. Desse montante, a maior parte vem da China, maior produtor do mundo. “Só em 2023, as importações chinesas representaram 58% das importações do Brasil”, afirmou de Paula.
Em abril, o governo federal anunciou o aumento para 25% do imposto de importação de 11 produtos siderúrgicos, além de estabelecer uma cota de volume de importação para cada um deles. Na prática, a tarifa mais elevada só será cobrada para importações superiores à cota. Nos demais casos, mantém a alíquota atual, entre 12 e 13%.
O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Ricardo Alban, por sua vez, mencionou que outros setores enfrentam problemas de concorrência com as importações, como petroquímico, químico, fertilizantes e construção civil.
Crescimento das importações
Em entrevista coletiva após o anúncio, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que a cota de importação é uma medida inédita no Brasil.
“Havia uma grande preocupação com a importação de aço. Nos últimos anos, houve um enorme crescimento nas importações, levando a uma ociosidade numa importante indústria de base”, comentou o vice-presidente. Destacou ainda que foram aplicados cinco mecanismos antidumping, ou seja, contra a venda de produtos abaixo do preço de mercado, e que outras 10 investigações estão em curso.
Para Alckmin, os anúncios de investimentos de outras indústrias, como a automobilística, representam um aumento no consumo de aço no país e, consequentemente, uma oportunidade para reduzir a ociosidade no setor siderúrgico.
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