O Nubank fechou o pregão desta terça-feira, 28, como a instituição financeira brasileira mais valiosa pela primeira vez desde 21 de fevereiro de 2022. Desde então, a fintech fechava os pregões da Bolsa com valor inferior ao do Itaú Unibanco, que é o maior banco da América Latina, embora durante os pregões tenha ultrapassado o conglomerado de forma pontual na última semana.
O Nubank está avaliado em US$ 58 bilhões, o equivalente a R$ 299,2 bilhões pelo câmbio de terça-feira. O Itaú vale R$ 288,6 bilhões, o que o torna o banco mais valioso entre os listados na B3. A Nu está listada apenas na Bolsa de Valores de Nova York.
No primeiro trimestre, o Nubank teve lucro líquido de US$ 378,8 milhões, equivalente a R$ 1,952 bilhão, e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 23%. O Itaú teve resultado de R$ 9,771 bilhões no mesmo período, com ROE de 21,9%. Os números, porém, não são diretamente comparáveis: o Itaú possui licenças bancárias, o que gera maiores exigências de capital, além de atuar em um espectro de atividades mais amplo que o Nubank.
As tendências distintas dos dois ativos explicam o “encontro” e ultrapassagem do Nubank após dois anos e três meses. Neste ano, as ações do Itaú caíram 3,2%, em linha com o movimento do Ibovespa. Os grandes bancos são pontos de entrada e saída de investidores na Bolsa de Valores brasileira, dada a forte liquidez de suas ações e, no plano operacional, sua correlação com a economia brasileira.
Já o Nubank tem alta de 46,2% este ano, uma das maiores do setor financeiro brasileiro. Embora esteja sujeito às mesmas condições macroeconômicas dos bancos ao emprestar dinheiro no Brasil, que é seu maior mercado, o banco digital é negociado por um perfil de investidor diferente, que busca empresas de tecnologia com forte potencial de crescimento.
A Fintech demonstrou esse crescimento. A carteira de crédito do Nubank, em dólares, cresceu 87% entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período deste ano, para US$ 9,7 bilhões, sendo a maior parte desse total no Brasil, embora a fintech não detalhe quanto vem de cada país . Neste mesmo período, o crédito no Sistema Financeiro Nacional aumentou 8,2%, para R$ 5,806 trilhões, segundo o Banco Central.
O efeito colateral do forte crescimento tem sido a inadimplência, que no caso do banco digital era de 6,3% em março, contra 4,5% do crédito livre no país. A fintech tem dito que a prioridade é crescer e não controlar atrasos, visão que os investidores que olham para a tese no exterior endossam.
Reflexo dessa visão são os questionamentos que as fintechs recebem ao realizar reuniões periódicas com investidores no exterior, os chamados “non-deal roadshows”. Relatórios de bancos de investimento e relatórios de fontes participantes dessas conversas indicam que a prioridade dos fundos é conhecer as oportunidades no México, país que é visto como a principal fronteira de crédito para o negócio nos próximos anos.
No início do mês, o Nubank atingiu a marca de 100 milhões de clientes em suas três operações: Brasil, México e Colômbia. São 92 milhões de clientes em solo brasileiro, quase 7 milhões no México e cerca de 1 milhão na Colômbia.
No exterior, o foco está no crescimento que o Nubank pode alcançar, principalmente no México. No Brasil, reside na capacidade de extrair mais receita da base de clientes. Como a Nu praticamente não cobra taxas e tarifas, analistas apontam que o caminho é conceder crédito, com diversidade de linhas maior que o cartão de crédito roxo.
“A base de 90 milhões de clientes do Nubank no Brasil não crescerá para sempre, mas certamente poderá ser mais explorada do que é hoje”, disse o analista Pedro Leduc, do Itaú BBA, em relatório divulgado nesta segunda-feira. “O aumento do uso de crédito dos clientes é onde os insights de dados e a conexão do Nubank com os usuários podem ser mais lucrativos, e estamos começando a ver exatamente isso.”
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