A delegação brasileira que ontem rumou à Arábia Saudita e à China, chefiada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, carrega na bagagem não apenas a proposta de fechamento de acordos bilaterais entre o Brasil e esses países. Desta vez, uma das preocupações é atrair investimentos e serviços para o esforço de reconstrução do Rio Grande do Sul, parcialmente devastado pela enchente. Não só pelo peso do Estado na formação do Produto Interno Bruto (PIB), mas porque a sua reconstrução também representará oportunidades — especialmente com soluções de infraestrutura que o tornem menos vulnerável a fenómenos climáticos extremos.
Aliás, as mudanças estruturais para as cidades — com absorção de novas tecnologias e modernização de estruturas — estão no topo das prioridades da delegação que desembarca em Riade e, posteriormente, em Pequim. O Rio Grande do Sul tem tudo para ser porta de entrada para novos elementos de reconstrução — criando condições para que sejam replicados em outros estados brasileiros.
Para o coordenador de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, Josemar Franco, principalmente em relação aos chineses, os brasileiros terão a oportunidade de avançar na diversificação dos produtos exportados. Atualmente, a tarifa brasileira é baseada em soja, carnes e minérios — especialmente ferro —, mas a intenção é expandi-la para frutas, sorgo, nozes e gergelim. Para os chineses, o foco é a infraestrutura.
“O Brasil tem uma vantagem muito robusta para expandir sua infraestrutura. E tem a questão do Rio Grande do Sul — a China pode ser um parceiro estratégico. Há também a expansão dos BRICS, pretendida pela China e que o Brasil apoia com certa timidez” , ele enfatizou.
Prioridade
Para Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, as ligações com sauditas e chineses devem ser tratadas como prioridade. Afinal, os dois países veem muitas oportunidades de negócios no Brasil —especialmente pelo comprometimento demonstrado pelo governo federal com o esforço de recuperação do Rio Grande do Sul, para o qual, até o momento, foram liberados R$ 62,5 bilhões para a retomada das indústrias, empresas e serviços.
“A ideia de um projeto de integração física, com a construção de um corredor ferroviário até um porto no (Oceano) Pacífico, e aproveitando a alta tecnologia chinesa neste setor, poderia começar a ser examinada por ambos os lados”, aponta saiu o embaixador aposentado.
Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia e vice-presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), destaca que o objetivo do governo federal nesta visita à Arábia Saudita e à China é buscar investimentos na área de transição energética, infraestrutura e agronegócio. No entanto, ele vê restrições à captação de recursos chineses.
“É um tipo de investimento predatório, que acaba aprisionando diversas nações com alto endividamento com o governo chinês. O Brasil deveria pensar em instrumentos de avaliação de investimentos estrangeiros”, alerta.
A comitiva liderada por Alckmim é formada pelos ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Márcio França (Empreendedorismo) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) . Fazem parte do grupo os presidentes da Apex Brasil, Jorge Viana, e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli.
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